"A Moveable Feast" - Ernest Hemingway

If you are lucky enough to have lived in Paris as a young man, then wherever you go for the rest of your life, it stays with you, for Paris is a moveable feast »

Este é um livro autobiográfico sobre os tempos que Hemingway passou nessa "festa móvel" que é Paris. Apesar da pobreza e da fome em que teve de viver para suportar a sua estadia enquanto alguém que vivia unicamente da sua escrita, sabia que apenas ali poderia ter a experiência canónica que contribuiu para a formação de dezenas de mentes brilhantes. Comprava livros baratos numa banca em que confiava, nas margens do Sena. Contactou com Gertrude Stein, escritora cuja opinião sobre os seus escritos era por ele tida em alta consideração. Viajou, com a esposa ou com colegas escritores, para Espanha, para a Suíça e para outras regiões francesas. Comungou, enfim, do substrato comum daquela que ficou conhecida como a Geração Perdida. 

I've seen you, beauty, and you belong to me now, whoever you are waiting for and if I never see you again, I thought. You belong to me and Paris belongs to me and I belong to this notebook and this pencil. »

No registo terra-a-terra a que habituou os seus leitores, Hemingway leva-nos a percorrer as ruas da capital francesa como se o fizéssemos ao seu lado. Entramos com Hemingway nos cafés e nos bares e vemo-lo dissolver as suas preocupações em álcool, com uma regularidade alucinante. Encontramo-nos com os amigos dele, já nossos conhecidos de outras paragens – da pintura, da literatura – e descobrimos-lhes novas facetas. Olhamos para o mundo a partir dos olhos de um homem: para a literatura pelos olhos de um homem, para as corridas de cavalos pelos olhos de um homem, para as mulheres pelos olhos de um homem. Hemingway escreve para viver, aposta nas corridas para amealhar algum dinheiro com as vitórias e aprecia mulheres como se não o esperassem em casa a sua mulher e o seu filho.

Subjaz a esta narrativa a aura eletrizante da Cidade Luz, o bulício das ruas e a atividade dos cafés do epicentro da produção artística da década de 1920. É difícil ler A Moveable Feast sem se cair no desejo de viajar no espaço e no tempo para a Paris dos anos 20 – Picasso, Hemingway e F. Scott Fitzgerald são três das personalidades estelares com que seria possível partilhar o balcão de um bar. Provavelmente, o bar onde se vendesse o álcool mais barato. De qualquer forma, saímos da leitura deste livro com uma certeza: na riqueza ou na pobreza, Paris será sempre Paris.

© 2020 Helena Rodrigues, Portugal
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