A Rapariga do Brinco de Pérola

À áurea luz da candeia

Flama o brinco que a nomeia,

O nácar no olhar aflito

Por segredo revelado.

De entre a boca muda, o grito,

Do fundo negro, o pecado.


Escondidos cabelo e noite

Por cascata de ocre breve,

Se há feições que a luz amoite,

Sombra de seda as descreve.


Exposta, crua e hesitante,

Muda, sempre e doravante,

Ao esgar vil da sociedade

Feita em betão e petróleo,

Esfíngica, sem idade,

A rapariga no óleo.


© 2020 Helena Rodrigues, Portugal
Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora