Arte Poética

Alberga o berço do ocaso o vero início, 

Abre-se a história no último amplexo. 

Senda sem tenção é enigma desconexo. 

Pairam faúlhas sobre o precipício. 


 Da alvura resta apenas o resquício, 

No véu da rima, sombras de um reflexo, 

 Nas ondas de um lago, num espelho convexo, 

Vapor cru sob arcadas de artifício. 


Não me atemoriza o espectro que geme, 

Nem há linha em branco de que me farte. 

O tom da tinta é firme, se a voz treme. 


Vidas que se rasgam em toda a parte, 

É esta a ferida que o mundo teme, 

 É desta ferida que faço arte. 

© 2020 Helena Rodrigues, Portugal
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