"As Luzes de Setembro" - Carlos Ruiz Zafón

Simone Sauvelle e os filhos Irene e Dorian deixam a buliçosa cidade de Paris e mudam-se para a Normandia em busca de uma vida mais estável, dada a difícil situação posterior à morte do marido de Simone. Em Baía Azul (na Normandia), Simone recebe uma proposta de emprego em Cravenmoore, a residência de um antigo fabricante de brinquedos, onde este vive juntamente com a sua inválida mulher. Nessa casa trabalhava Hannah, uma rapariga mais ou menos da idade de Irene e irmã de Ismael, um rapaz solitário que dedica a maior parte do seu tempo ao seu veleiro Kyaneos. Certa noite, Hannah adentra-se pela ala oeste, expressamente proibida por Lazarus, o fabricante de brinquedos, e encontra uma espécie de quarto de criança que, contrariamente ao resto da casa, não tem nenhum brinquedo. Aí, depara-se com um frasco de vidro que contém uma estranha substância escura e, ao abri-lo, liberta um violento ser que a mata nessa mesma noite. A partir daí, a presença dessa sombra ameaça Baía Azul e põe em risco a vida dos Sauvelle para alcançar o seu alvo: Simone. Uma história de suspense, drama, amor, mistério e aventura numa pequena aldeia da Normandia, causada por um menino que entregou o seu coração sem pensar nas consequências que isso viria a ter...

Dos romances que compõem a Trilogia da Neblina, este foi aquele de que mais gostei. É o mais cativante e emocionante, e também o que mais se aproxima do clima misterioso de Marina. Encaixando a morte, a viuvez, o amor na adolescência, a amizade, a doença e a solidão, este romance tipicamente "zafoniano" pinta um quadro de ficção equilibrado e tentador. Ficamos, como é habitual, presos à história até descobrirmos o seu desenlace, e somos desafiados a encaixar as peças da história que os relatos das personagens ao longo da obra proporcionam. Transmite-nos o prazer, a aflição, a tristeza e a coragem das personagens, tão claros e palpáveis que parece que os conhecemos há muito tempo. A maneira de escrever simples e fluída, leve, mas por vezes profunda, acrescentam um toque especial ao prazer de ler e ao interesse do enredo.

Recomendo a leitura deste livro, embora não esteja ao nível de "Marina" e de "A Sombra do Vento".


O mar tem destas coisas: devolve tudo passado algum tempo, especialmente as recordações. »

© 2020 Helena Rodrigues, Portugal
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