Decalque

Vós que, néscios, vedes na areia 

Rastos da vida que a maré engole 

E projetais nela desígnios do Destino: 


Cegos! Prisioneiros da doutrina! 


Lembrastes, acaso, os rochedos, 

Gémeos de Rodes que a água não abraça, 

Desde os primórdios, a mesma argamassa, 

Salvo salitre em estrias 

E fendas das eras? 


Pisadas cimeiras já lá estavam, camufladas, 

Cinzeladas por espectros de aura idosa e repetida. 


Possante penedo, é essa a Humanidade, 

Marasmo onde tudo regressa, 

Pois de nunca lá saiu. 

Qualquer desvio é ilusão pura, 

Sobressalto prevenido 

Deste esquema de ida e volta. 


Que seremos senão cópias malditas 

De histórias por contar?

© 2020 Helena Rodrigues, Portugal
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