Decalque
Vós que, néscios, vedes na areia
Rastos da vida que a maré engole
E projetais nela desígnios do Destino:
Cegos! Prisioneiros da doutrina!
Lembrastes, acaso, os rochedos,
Gémeos de Rodes que a água não abraça,
Desde os primórdios, a mesma argamassa,
Salvo salitre em estrias
E fendas das eras?
Pisadas cimeiras já lá estavam, camufladas,
Cinzeladas por espectros de aura idosa e repetida.
Possante penedo, é essa a Humanidade,
Marasmo onde tudo regressa,
Pois de nunca lá saiu.
Qualquer desvio é ilusão pura,
Sobressalto prevenido
Deste esquema de ida e volta.
Que seremos senão cópias malditas
De histórias por contar?