"Jurassic Park" - Michael Crichton
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Numa ilha costarriquenha remota, John Hammond, um septuagenário abastado, lança-se num empreendimento de enormes dimensões que, prevê, abalará o mundo: a construção de um parque de diversões em que as principais atrações são dinossauros. Hammond não se refere a dinossauros de metal movidos a circuitos elétricos, mas a animais reais, trazidos diretamente de há milhares de milhões de anos através da reconstituição do seu ADN. Parece o plano perfeito: as atenções dos turistas e dos investidores de todo o mundo concentrar-se-iam no seu inusitado parque de atrações, um autêntico renascimento da era das grandes aves, numa versão lucrativa e controlada. O que Hammond não sabia é que, a partir do momento em que é criada, a vida lavra o seu caminho através da Terra, sem atender a quaisquer princípios ou barreiras.
Alan Grant (paleontólogo), Ellie Sattler (paleobotânica), Ian Malcolm (matemático), Dennis Nedry (engenheiro informático), Donald Gennaro (consultor) , Tim e Lex (netos de Hammond), a convite do empreendedor excêntrico, partem numa aventura ímpar através dos meandros do Parque Jurássico. Aquilo que se pretendia que fosse uma visita de confirmação da viabilidade deste projeto transforma-se, com o rebentar de uma tempestade e uma quebra de energia, numa corrida contra o tempo e contra as forças indomáveis da natureza outrora extinta.
Comecei o novo ano com uma leitura muito diferente daquelas a que chamaria "a minha zona de conforto". Apesar disso, não foi, de todo, uma experiência negativa! Mesmo os apaixonados por História tiram prazer de uma espreitadela ao ramo das Ciências. Assim, contactar com processos de manipulação genética, peculiaridades biológicas e eras geológicas de durações quase inconcebíveis, quando comparadas com o período de uma vida humana, foi, sem dúvida, enriquecedor.
No que diz respeito ao enredo, é um romance trepidante, cheio de suspense e ação, num registo quase cinematográfico. Não é, portanto, de estranhar que os filmes sejam a versão mais mediatizada desta história que marca gerações. Raramente vejo uma adaptação de um livro ao grande ecrã antes de o ler, mas parece-me que esta foi uma feliz exceção, por dois motivos: permitiu-me visualizar muito melhor o ambiente e os animais descritos no romance, e evitou que ficasse desiludida com a disparidade gritante entre o filme e a obra original.
Saliento o caráter vincado de todas as personagens e a utilidade das explicações dos processos científicos para os leitores com menos conhecimentos na área.
Como pontos negativos, aponto o vocabulário pouco variado, principalmente no que se refere aos verbos de introdução de discurso: "said" (na edição original) é utilizado com demasiada frequência, em detrimento de formas verbais mais expressivas.
Quem sabe se, no futuro, não haverá dinossauros?