Mondego à noite (Reminiscências)
Entre os vitrais coloridos,
Caminhavam de mão dada
Testemunhas do olvido
Dessa ponte iluminada.
Guardas do viscoso escrínio,
As aranhas nos seus dédalos,
Tecedoras do declínio.
Nem tudo mudam os séculos.
Pintava o homem no ar mágico
O episódio decorado
Uma história de amor trágico
Pelos salgueiros chorado.
Cria nos véus da inocência,
Contemplando o rio das dores,
Filtrava por rosa a ausência.
Nas margens escasseiam flores.
Deixou nas águas vogar,
Quando o ocaso desceu,
Promessa de ali voltar.
Essa criança era eu.