“Murder on the Orient Express” – Agatha Christie

Um Crime no Expresso do Oriente é o romance policial mais célebre de Agatha Christie, constituindo uma obra de referência para os fãs deste género literário.

A ação tem início numa manhã de inverno em Aleppo, na Síria. O detetive Hercule Poirot embarca no Taurus Express em direção a Istambul, onde tencionava passar alguns dias de descanso. No entanto, quando chega ao hotel, recebe um telegrama relativo aos desenvolvimentos de um caso em Londres, o que o obrigará a viajar para lá o mais depressa possível. Assim, Poirot apressa-se a embarcar no célebre Expresso do Oriente. Na sua carruagem, viajam um coronel e uma governanta ingleses (com quem ele contactara durante a travessia no Taurus Express), uma americana tagarela, uma princesa russa, velha, rica e feia, a sua criada alemã, um italiano, um americano de grande estatura, um casal de condes, uma senhora sueca e um rude americano, Ratchett, acompanhado pelo seu secretário e pelo seu criado. A reunião de um grupo de pessoas tão heterogéneo, tanto em termos de faixas etárias como de nacionalidades, numa altura do ano pouco propícia a viagens, constitui uma circunstância invulgar. Esta adquire um caráter ainda mais excecional quando, na manhã que se segue à paragem abrupta do comboio numa linha da Jugoslávia, devido à neve, Ratchett é encontrado morto no seu compartimento, esfaqueado doze vezes. Poirot é encarregado de investigar o assassinato do homem que escondia a sua verdadeira identidade, e que contava com mais inimigos do que aqueles que se esperava. Através de interrogatórios, o detetive analisa a personalidade dos passageiros e os seus alegados movimentos na noite do crime, deparando-se com um quebra-cabeças cuja resolução assenta numa certeza: "The murderer is with us - on the train now...".

Este policial de renome provocou em mim reações antagónicas. Por um lado, voltei a sentir uma profunda admiração pela capacidade da autora de construir um enigma tão complexo e de explorar profunda e cuidadosamente as personagens, cujo caráter é um fator importante para a resolução do mistério. Por outro, fiquei bastante dececionada quando cheguei ao final. O desfecho é surpreendente, na medida em que difere dos finais a que estamos habituados neste tipo de romances, mas simultaneamente desapontante, pois todo o esforço aplicado ao longo do livro para interpretar as pistas se revela, de certo modo, infrutífero (perceberão porquê, se lerem - no spoilers!).

Poirot é-nos apresentado novamente como uma personagem extraordinária, de perspicácia extrema, que consegue captar todos os pequenos detalhes importantes que pareceriam insignificantes a qualquer outro.

Este livro exige muita concentração da parte do leitor, se quiser manter-se ao nível do raciocínio do detetive, porque os interrogatórios se sucedem rapidamente e as movimentações dos viajantes e as respetivas horas começam a baralhar-se na memória. Tomar notas ao longo da leitura poderá revelar-se útil.

Assim, concluo que gostei deste livro, que li em inglês. Contudo, não compreendo a primazia que lhe é atribuída em relação à restante bibliografia de Agatha Christie, uma vez que apreciei tanto ou mais o policial The ABC Murders, da mesma autora.

© 2020 Helena Rodrigues, Portugal
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