"Quem matou Palomino Molero?" – Mario Vargas Llosa
A ação de Quem matou Palomino Molero?, da autoria do Prémio Nobel da Literatura de 2010, Mario Vargas Llosa, desenrola-se no Peru, na década de 1950.
Palomino Molero, um jovem índio que se tinha voluntariado para o trabalho de aviador na Base de Talara, é encontrado enforcado e espetado numa alfarrobeira, com marcas de golpes de uma violência cruel por todo o corpo. A história acompanha o tenente Silva e o guarda Lituma na averiguação do culpado e das causas do brutal assassinato.
Para mim, este livro foi uma desilusão. As expectativas que são geradas na primeira página, com a descrição do cadáver, não são correspondidas ao longo da narrativa.
Estilisticamente, num registo tipicamente sul-americano, escasseiam os recursos expressivos e abundam o calão e as expressões características do discurso oral.
Como a ação se passa num meio pequeno, o número de personagens é reduzido, e penso que lhes falta caráter. Há, aliás, personagens com características que não considero bem atribuídas. Por exemplo, o guarda Lituma revela-se bastante sentimental, ingénuo e quase medroso, o que não me parece adequado à profissão que desempenha.
O principal ponto negativo desta história é a falta de uma reviravolta inesperada. A intriga é simples e pouco profunda, pelo que a considero pouco interessante.
O único aspeto positivo deste livro é permitir uma reflexão acerca do racismo e da necessidade de respeitar as populações indígenas, pelo facto de sublinhar o contraste entre as condições de vida dos índios e dos brancos residentes em Piura e Talara e de retratar a maneira como eram vistos uns pelos outros.