Síncope

Nunca quis nada, só ver-te por dentro,

Pois que é tudo senão nada às avessas?

'Spírito ancorado ao vento,

Amas por portas travessas.


Passeio o tempo em rotinas no vácuo,

Distingo ao longe o vão do precipício.

Do teu calor, fogos-fátuos,

Dos altares ígneos, resquícios.


Vã silhueta de um alvor mais rico

Gravado a chuva em detalhes que esqueces.

Só queria o mundo e pico,

Que o sentisses, que mo desses


Sem pedir.

© 2020 Helena Rodrigues, Portugal
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