Tédio

Tédio: matéria de estudo,

Tormento comum da raça

Que empurra, com mão devassa,

Qualquer vestígio de solicitude.


Sei que há paz que satisfaça

Na inércia que nos enlaça.

Por vezes, contudo,

Dava jeito uma desgraça,

Sem aviso, uma ameaça

Que corroa, que desfaça,

Que abale os pilares de tudo.


Já não posso com o discorrer mudo

Do tempo, e de lento que passa,

Tolo, mesquinho, parece achar graça,

E pensar que o conheço - como me iludo!


Águas paradas, caso bicudo.

Por aqui fico, fitando a vidraça,

Entre as mãos a mesma pasta lassa

Que um dia chamei virtude.

© 2020 Helena Rodrigues, Portugal
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